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A demência do tempo: Memórias da pandemia
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O subtítulo de A demência do tempo deve ser visto com atenção pelos leitores Memórias da pandemia. Aqui, a memória de um tempo recente e nefasto não está muito longe do diário, como Um diário do ano da peste, de Defoe, que comparece em uma das epígrafes. Lúcio Autran, ao escolher apresentar como memória seus poemas sobre os anos brasileiros da pandemia de COVID-19, demarca o lugar do sobrevivente e o sentimento ambíguo entre a vida e o luto. Infere-se, no entanto, em alguns versos, que a distância temporal que pressupõe o discurso memorialístico fica comprometida pela proximidade do cotidiano que se coloca como desafio à palavra poética. Dessa forma, o subtítulo indica que a memória é metáfora da percepção cotidiana que o poeta traz à tona, como primeiro tema do livro O TEMPO. Essa metáfora desloca-se, em seguida, pela nuclearidade que é dada ao substantivo DEMÊNCIA. Sintomaticamente, ao longo dos poemas, esse núcleo torna-se adjetivo demente, condição humana de supressão da mente, que se aloca no tempo por meio da alusão sistemática a um ser nomeado e inominado, porque inominável. Os poemas de Lúcio Autran transmutam o sentimento de dor e luto da pandemia em um grito de indignação. Assumem uma posição política precisa e necessária que recoloca o valor da vida pública. Nos anos de pandemia, viveu-se, no Brasil, uma das mais graves crises éticas de nossa história. É nesse ponto que se compreende a perfeição do deslocamento do diário para a memória, construído pelo poeta. Do diário para a memória recoloca-se na medida do tempo histórico o absurdo de nossa vida política. É um gesto que deixa em duas das funções da poética horaciana a do ensinar e do comover a fruição do asco, único deleite possível diante dos dementes que assumiram o poder no Brasil da pandemia.
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