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Entre a fábrica e a senzala
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Os africanos livres foram uma categoria de trabalhadores com condição jurídica diversa em meio ao Brasil escravista e as pressões para o fim do tráfico transatlântico de escravos pela Inglaterra. Tutelados através da lei de 07 de novembro de 1831, a qual estabeleceu que os africanos capturados nos navios apreendidos devessem permanecer n o Brasil durante catorze anos e, posteriormente serem reexportados para a África, os mesmos foram destinados às prestações de serviços junto aos consignatários privados ou públicos. No caso apresentado, analisamos a experiência dos africanos presentes em um ambiente imperial fabril: a Fábrica de Ferro Ipanema, em Sorocaba-SP, entre os anos de 1840 a 1870. Observamos suas origens étnicas, funções ocupadas, fugas, conflitos, saúde, doenças, arranjos familiares, bem como as suas concepções de liberdade. As fontes principais para o estudo foram os ofícios, as listagens e correspondências oriundas do estabelecimento, sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo. O exame da documentação mostrou também que o relacionamento dos trabalhadores levava à criação e ao fortalecimento dos laços entre companheiros. Na prática, africanos e escravos não sofreram diferenciações no cotidiano, como tarefas, alimentação, moradia entre outros fatores. Por conseguinte, o direito à liberdade e à reexportação após os 14 anos de serviços prestados muitas vezes não se efetivou, comprovando assim, a ideia de que sua condição foi somente um status jurídico da lei para inglês ver.
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