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Escrever sem escrever
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Quando falamos em música falamos em remix e DJ. Quando falamos em audiovisual, falamos em montagem e mash-up. Para a arte contemporânea, o crítico Nicolas Bourriaud forjou o termo pós-produção, que aponta a tendência atual de obras que não são criações originais mas reciclagens ou reproposições de obras anteriores ou objetos pré-existentes. Em comum a esses campos e situações, os gestos de apropriação e deslocamento, consagrados pelos ready-mades de Marcel Duchamp e por outros artistas da vanguarda. Entretanto, no ambiente tecnológico contemporâneo, com seus estímulos e ferramentas específicos, a apropriação e o deslocamento adquirem novas facetas. A pergunta da qual esse livro parte é: de que maneira a escrita e a literatura se inserem e participam desse novo contexto? Copiar e colar. Seleção e edição. Gravação e transcrição. Cut-up, apagamento, supressão. Pirataria. Buscas no Google. Plágio, cópia, imitação. Como o ato da citação e a cultura remix dialogam? Em que medida o escritor contemporâneo pode ser pensado como um artista conceitual ou um curador de textos alheios? Quais são as consequências para as práticas de leitura e para a ideia de autoria? A partir das noções de escrita não-criativa, de Kenneth Goldsmith, gênio não-original, de Marjorie Perloff, e do Manifesto da literatura sampler, de Fred Coelho e Mauro Gaspar, Leonardo Villa-Forte estuda obras recentes de escritores, artistas e poetas brasileiros e estrangeiros, para pensar a escrita diante, ou melhor, dentro desse ambiente em transformação.
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