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Foi golpe! - O humor como resistência aos discursos legitimadores iniciais do golpe civil-militar de 1964
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A batalha discursiva é uma das frentes mais importantes para qualquer forma de governo. Atualmente, com as redes digitais e a proliferação de canais de informação, esta batalha se intensifica a ponto de ser a principal arma política para se influenciar a população. Em 1964, com o golpe civil-militar, a situação era um pouco diferente. Haviam poucos canais que conseguiam chegar a todos e, da grande mídia, somente um deles, o jornal Última Hora, denunciou o 1º de abril como um golpe e não uma revolução. Todos os outros apoiaram a ditadura que se instalava – muitos participaram de sua elaboração. Existiam críticas? Poucas. Mas, normalmente, sua função era legitimar o golpe como um movimento democrático, mesmo que a maior parte da população visse fatos contrários (e.g. perseguições, Atos Institucionais que acabavam com a Constituição que os golpistas juravam defender, etc.). Por outro lado, existiam vozes contrárias e uma das mais fortes delas foi o humor. O brasileiro é, por natureza, um ser afeito ao humor, à piada. O riso possui, em sua gênese, um elemento desconstrutor de mitos e de pretensas hierarquias. O humor será, então, um elemento de resistência a este governo e a estes discursos legitimadores. Sua aceitação popular será alta, muitas de suas representações serão englobadas no cotidiano brasileiro, os livros que analisamos, por exemplo, foram campeões de vendas por anos a fio. Analisaremos, neste livro, quais eram os discursos oficiais do governo e de como a grande mídia buscou legitimá-los. Mas veremos também como o humor irá lutar, numa luta desigual em que os pequenos conseguiram impor uma resistência altamente incômoda ao governo ditatorial e às elites que os apoiavam.
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