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Lustra (1916) é o primeiro livro na longa carreira do poeta estadunidense Ezra Pound, um dos maiores do século XX, a apresentá-lo como poeta moderno: inclui suas primeiras incursões pela poesia oriental; alguns poemas mais longos, precursores da linguagem dos Cantos; parte de suas personae, isto é, o modo peculiar de incorporar textos alheios à própria poesia; e poemas representativos das duas breves vanguardas inglesas, o imagismo e o vorticismo, das quais Pound foi o idealizador e um dos principais articuladores. Também por isso foi o primeiro livro de Pound (que havia publicado antes 6 livros autorais, além de Cathay, livro de traduções do chinês) a receber críticas muito negativas, que iam desde ataques ao verso — que as resenhas deploraram por não perceber mais ligações com as formas fixas utilizadas com virtuosismo por Pound no passado —, até a desqualificação de sua poesia, que teria então se tornado apenas um gestual de desafio. Da mesma forma, sua casa impressora inglesa se negou a publicar parte dos poemas, considerados obscenos. A recriação dos versos de Lustra para o português foi feita pelo poeta Dirceu Villa, que também introduz e anota o texto bilíngüe, não apenas situando o livro entre as principais obras do cânone de Pound (com Cathay, Homage to Sextus Propertius, Hugh Selwyn Mauberley, Shih-Ching e The Cantos), mas também fornecendo notas detalhadas que auxiliam a compreender e tornar acessíveis os meandros complexos da poesia poundiana. É também a segunda obra de poesia de Pound a ser publicada completa no Brasil (a primeira foram Os Cantos, na tradução de José Lino Grünewald).
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