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O fundo da garrafa de vermute
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O fundo da garrafa de vermute acompanha Gaspar entre duas luzes: a meia-luz de um bar em São Paulo, 1992, e o sol oblíquo de Copacabana, 1964. No Madame Brown, com suas portas vermelhas e letreiro cansado, ele cumpre um ritual de sobrevivência — charuto aceso, taça rubra, jazz em pano de fundo — enquanto observa o mundo pelos gestos alheios e pelo que não se diz. É ali que a vida presente, seca e cheia de lascas, começa a pedir contas ao passado. O romance avança como câmera paciente: de uma mesa de bar a um balcão de botequim; de um fichário de memórias a uma sala de aula; de conversas sussurradas a silêncios que ensurdecem. O tempo se dilata e depois encolhe — mudanças, partidas, retornos. O que começa como rito de passagem ganha densidade de destino: amizade que cresce e se cobra, amores que amadurecem por dentro, a vida adulta como negociação permanente entre desejo e dever. O país, sempre ao fundo, impõe sombras que atravessam décadas; os fantasmas de uma história mal contada rondam os corredores da vida privada. Sem didatismos, o livro mira o íntimo e deixa que o mundo maior vaze pelas frestas. Nos títulos — Vinte Anos, Fantasmas do Araguaia, Escolhas e Consequências, A Última Taça de Vermute — adivinha-se a arquitetura emocional: lembrança, perda, culpa e alguma forma de coragem. Nada aqui é tese: é pele, cheiro, som — tabaco, maresia, piano, o amargo doce do vermute que Gaspar aprende a gostar como quem aprende a viver. Ao final, não é um quem fez o quê que permanece, mas a pergunta que a garrafa devolve ao fundo do copo: o que fica de nós quando as versões se calam? Esta é uma história de observação delicada e feridas discretas, contada com elegância e melancolia — uma ode às escolhas que nos escolhem.
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