Prazeres de(s)coloniais: Traduzindo o feminismo pró-sexo
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3085_9786586657692
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Quando Beto Canseco e eu nos conhecemos, ela fazia a apresentação do que depois viria a se tornar um capítulo de Prazeres de(s)coloniais: Traduzindo o Feminismo Pró-Sexo. Nossa identificação com as dificuldades de abordar o tema do sexo dentro do campo feminista foi imediata. Daí em diante, tive a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do trabalho e de estabelecer com Beto uma interlocução que julgo privilegiada. Com Beto, é possível retomar, pela sua capacidade de análise de um fenômeno histórico – a batalha, desenrolada nos Estados Unidos, entre o grupo de feministas pró-sexo e o grupo de mulheres que encampou uma luta contra a pornografia, sustentada em argumentos tidos como feministas, porém carregados de preconceitos morais de difícil conciliação com as pautas libertárias – o vigor do tema da sexualidade no campo dos direitos. Na proposição não-prescritiva com a qual Beto Canseo encerra o livro, a convocação pelo feminismo pró-sexo anticolonial é uma contribuição original a um problema de importante formulação: a necessidade de pensar a proteção contra a violência ao lado da afirmação do direito ao prazer. Não haverá proteção contra danos sem a experiência do prazer, uma vez que as configurações que proporcionam sua ausência já implicam violência; ao mesmo tempo e em outro sentido, não haverá prazer sexual sem cuidar da precariedade da vida permitindo assim qualquer experiência corporal, escreve Beto, em um dos muitos trechos que considero precisos e argutos no livro. Ao retomar um episódio histórico, Beto Canseco nos oferece a instigante proposta de justiça erótica, pensada a partir desta dupla injunção entre proteção e prazer que, como Beto tão bem demonstra, se pensada separadamente, viola nossos corpos do seu direito mais básico, existir. Carla Rodrigues
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