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Uma estranha maneira de se comparar amanhãs
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A poesia nos permite diferentes formas de interpretações e/ou de compreensão; dentro da linha discursiva de um livro desfila temas diversos, intertextualidades, dicotomias, aforismos, metonímias, só para citar alguns. E, eu, poderia destacar alguns dos elementos supracitados dentro do percurso poético-filosófico-existencial, de Bioque Mesito, mas prefiro referenciar a relação, homem-tempo-espaço-cidade dentro do corpus poético de seu belo livro Uma estranha maneira de se comparar amanhãs. Título que por si só congrega toda uma reflexão sobre o vivido e o não vivido, sobre o real e o imaginário. A competência vocabular de Bioque Mesito permite derrubar as paredes da estética sem renunciar a poesia, ao mesmo tempo que ele diz no poema Releituras: aos cinquenta anos caminho não esperando novidades nem me espantando com nada neste mundo. Em outro momento, no poema A máquina de consertar o mundo reconhece que a poesia é um estado de olhos que pontifica a existência. E, eu, complemento com o excerto do poema Os guardados, que Bioque diz que é Um homem no caminho da transformação da palavra, e que traz nos olhos a sua pólis atravessando becos, ruas escadarias, horizontes, dessa cidade plena ou esfacelada e mergulha nas fraturas do tempo sem receio de encontrar o vazio que pode haver por lá. O Homem está na cidade, como uma coisa está em outra e a cidade está no homem que está em outra cidade, diz Ferreira Gullar. Bioque Mesito está no hoje e nos amanhãs da boa poesia. Aplaudindo este poeta imenso, finalizo com os versos de Glória de Sant’Anna: O que me prende é o que te prende: largo horizonte de outros passados, raízes fundas presas no chão e um mar tão largo. Luiza Cantanhêde
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