A Ilusão do Sagrado
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Existem diversos caminhos para adentrarmos sobre as relações entre religião e saúde mental; contudo, podemos principiar questionando o que é saúde mental e o que é religião. Num sentido etimológico, religião, do latim ligare ou religare, evoca a ligação do homem com uma divindade, ou ainda, Deus que se vincula ao ser humano. Mas que tipo de relação se estabeleceria? Quais os deuses ou Deus? As diferentes culturas, com suas tradições milenares, poderiam ter instituído as divindades? Os contextos históricos, políticos e econômicos podem contagiar o comportamento religioso? As formas cerimoniais de culto ao sagrado, dos povos primitivos e das civilizações neolíticas desaparecidas, devem ser analisadas em paralelo à nova ordem religiosa atual? Os deuses egípcios e babilônicos ainda estão entre nós? A mitologia romana, oriunda dos antigos gregos, realmente se extinguiu? Existe um gene antropológico e uma anatomia cerebral que nos impulsionam à transcendência religiosa? Os questionamentos são intermináveis, em razão de não haver limites para a natural inclinação psíquica do homem em buscar um ente supremo para reverenciá-lo e cultuá-lo; para, assim, protegê-lo do abismo do incompreensível em paralelo com a realidade. Os fragmentos históricos, vindos da Antropologia Arqueológica acerca da hominização na Terra, testemunham essa veracidade: a incansável procura do gênero humano em encontrar a verdade, proteção e segurança perpétua no sagrado, que se tem traduzido em uma infinidade de mitologias e religiões ao longo da história civilizatória da criatura sapiens. Essa atração humana pelo sagrado teria alguma relação com sentimento de falta? A religião poderia afetar a saúde mental?
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