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Clarice a última Araújo
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Pode-se pensar em impossibilidades quando alguém se adianta a fazer um estilo de literatura que é formado com os encaixes aparentemente incompatíveis de gêneros literários, o fantasioso e a crítica social se unindo, mas García Márquez como desbravador demonstrou que se, mais cauteloso e minimalista seja um assunto mais ele, se contornará em destaque com a utilização o suporte do sonho e da fantasia. Paulo Souza ao, colocar sua protagonista Clarice como um ser quase angelical e intocável, criou um espaço demasiadamente fértil para uma crítica social feroz trazida no âmbito do tragicômico, sendo assim existe de um lado o peso dos instintos e das desumanidades, que são desbravadas no mercado da prostituição mas, uma criança da idade de Clarice, uma ainda adolescente, tão pura e, tão etérea, escancara o fato de que, mesmo a brutalidade da sexualidade e da libido se enfraquecem perplexas diante da inocência de uma mulher-criança. A história é sutil e desenvolvida com parágrafos de construções objetivas que ao mesmo tempo que narram um enredo completamente construído, tangenciando uma densa semântica que explora um conteúdo crítico, o autor responsabiliza a indústria do sexo como expressão do desdém humano, sendo causado pela cobiça, como aponta o escritor e prefaciador Marcos Fabrício. Pertinente ao tema é a simbolização completa em torno do corpo, um receptáculo de sensações corpóreas e também, palco das expressão humanas, neste ritmo de interpretação, torna-se paradoxal, a percepção da mazela social chamada prostituição, pois é o corpo o lugar e meio de expressão das mais sinceras emoções humanas, mas é ele também coisificado como instrumento para a proliferação da violência.
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