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Dois carcarás (0205)
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4936_9786561390651

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Nos versos de Leandro Durazzo, em Dois carcarás, uma fauna discreta dança à volta do leitor: passeiam pelas páginas os carcarás do título, mas também cabras, morcegos, muriçocas, gatas, escorpiões, libélulas, iguanas, pombas, aranhas, arapuás, beija-flores. Os bichos estão por todos os lados e, de repente, a casa está irremediavelmente aberta: a casa é o mundo. Faz-se mundo. E é muito frágil qualquer linha que tentemos traçar, aqui, entre natureza e civilização: por meus livros já passaram/ lesmas, formigas, moscas,/ vespas e traças: há toda uma cultura/ em seus trajetos, toda uma/ literatura. É uma voz calma, sem espanto, que nos fala nesses versos curtos, enquanto se descobre tão selvagem quanto suas pequenas visitas, que não têm pressa. Parecem ter vindo para ficar — e seu jeito de ficar é nos fazer ver que a vida é uma. Já não é possível reconhecer fronteiras: meu sangue,/ que a muriçoca guarda,/ será meu/ ou da muriçoca?. Os poemas de Durazzo flagram cenas independentes, pequenos flashes da vida selvagem entrando por todos os poros do dia, mas estão profundamente conectados, como as fotos tiradas numa mesma viagem — todas únicas, mas inseparáveis —, que devolvem a experiência num outro tempo à memória. E quem nos guia (e desvia) por esses caminhos é alguém que já não pode mais se reconhecer senão como um bicho entre os outros: animal/ nas ranhuras do tempo,/ eu me arrasto// nem garras, nem gana,/ nem penas:/ fado// e um certo medo/ que toda vida extingue.
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